sábado, 16 de janeiro de 2010

NA CARA (continuação)


Voltei pra casa com o cheiro dele no meu corpo, cheguei quase que totalmente por instinto, já que cada momento daquela noite passava em minha mente. De súbito pequei o telefone, mas não tive coragem de ligar... Devo ter repetido isso umas dez vezes, mas não deixaria essa loucura que estava na cara que seria passageira me dominar, demorei pra dormir, meus sonhos repetiam aqueles momentos.
Acordei com alguém batendo a porta, meu coração deu saltos dentro do peito, arrumei meu cabelo rapidamente, coloquei algo por cima da camisola. Um rapaz franzino que queria me entregar uma encomenda, não sei se fiquei aliviada ou decepcionada por não ser ele.
Abri aquele pequeno envelope, fiquei sem norte quando vi a chave que havia deixado em sua casa na noite passada. O que aquilo significava? Nenhuma palavra de desculpas, nenhuma promessa, ou alguma demonstração de sentimento. Apenas uma chave.
Fui até seu apartamento, queria alguma explicação, algo lógico, concreto. Fiquei na duvida se usava ou não a chave, já que estava em minhas mãos resolvi que deveria.
Ao entrar percebi que não havia ninguém. Sentei na cama peguei um livro, depois de alguns minutos chega ele com sacolas, passa algum tempo na cozinha o volta com dois sanduíches, começamos a conversar sobre assuntos banais, não queria começar, e sabia que ele estava tomando fôlego para iniciar o assunto que me levou até ali.
Suas palavras no inicio remetia ao passado, logo passou a falar de um futuro que mesmo achando improvável escutei com atenção, quando vi que não havia mais palavras para me convencer, ou tentar explicar a forma como ele havia me tirado de sua vida, despachei sem respirar cada palavra que estava pressa em minha garganta.
Eu queria voltar, eu deveria dizer que voltava, que o amava, mas não, não depois de tudo o que ele me fez, meus passos e meus sonhos ficaram nos seus pés e não teve dó quando me trocou pelo seu desejo, e quem me garantia que aquilo era real, ou o mesmo desejo que me tirou de sua vida, estava me impulsionando a voltar, estava fazendo ele voltar no tempo.
Eu disse decidida que não ia voltar que minha vida estava aos poucos sendo reconstruída, mas quanto eu falava que não, mas meu desejo era dizer sim, eu não podia confessar que estava em suas mãos, estava totalmente entregue.
Me beijou tentando me fazer parar de falar que não, sei um salto da cama, joguei as chaves no seu colo, corri para fora, parei do outro lado da porta, não tinha certeza se queria sair assim da vida do homem que amei, que amo.
As lagrimas escorreram do meu rosto, meus pensamentos tinham vida própria, tudo ao mesmo tempo, indagações, afirmações, medo...
Eu estava me perguntando o que fazer quando uma musica começou a tocar, vinha do outro lado da porta.
“quando digo que deixei de te amar, é porque eu te amo
Quando digo que não quero mais você, é porque eu te quero
Eu tenho medo de te dar meu coração e confessar que eu estou em tuas mãos
Eu não posso imaginar o que vai ser de mim se te perder um dia
Eu me afasto e me defendo de você, mas depois me entrego
Faço tipo, falo coisas que não sou, mas depois eu nego
Mas a verdade é que eu sou louco por você e tenho medo de pensar em te perder
Eu preciso aceitar que não dá mais pra separar as nossas vidas...”
Quando a musica terminou eu já estava sentada no chão, com o coração nas mãos e uma vontade de abrir a porta e me jogar no seu corpo.

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